TRANSLATE/ TRADUTOR

English French German Spain Italian Dutch
Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

Pesquisar no Blog

sábado, 4 de maio de 2013

Dermatite Alérgica à Picada de Pulgas (DAPP)


Introdução

Um dos problemas de saúde mais comuns entre cães e gatos são as doenças de pele. Cerca de 50% dos casos atendidos em clínicas veterinárias para animais de pequeno porte são decorrentes de problemas dermatológicos e, dentre eles, os mais comuns são as dermatites alérgicas, sendo a principal frase dos proprietários: “O meu cão/gato tem se coçado demais”.
Além de se preocupar com a inquietude e estética/lesões, o ato de se coçar gera também um desconforto psicológico-social em que os proprietários possam se sentir constrangidos/pré-julgados. Imagine a situação em que uma pessoa recebe uma visita em sua casa e a mesma se depara com o seu animal com intenso hábito de se coçar, logo gerando o preconceito de que o animal tem pulgas, o ambiente também e que o dono é desleixado com a saúde e higiene de seu animalzinho e de si próprio...algo super desagradável não é mesmo?
Enfim, as dermatites alérgicas possuem vários fatores desencadeantes e diversas formas de expressão, sendo que a mais frequente é a dermatite alérgica por picada de pulgas, em que a saliva da pulga, inoculada no momento da picada, desencadeia um processo inflamatório localizado predominantemente na região lombar, que pode se estender por todo corpo do animal.

A Dermatite Alergica à Picada de Pulga (DAPP)

A Dermatite Alérgica à Picada de Pulga, denominada internacionalmente como Flea Allergy Dermatitis – FAD é a desordem cutânea hipersensível mais comum nos cães, afetando também a espécie felina.
Trata-se de uma enfermidade comum em regiões de clima tropical, sendo sua ocorrência sazonal em outras áreas. Devido ao clima no Brasil ser favorável o ano todo, a DAPP pode ocorrer em qualquer época do ano, diferente de países de climas temperados onde os sinais clínicos são mais severos no verão e no outono. Ela se inicia com a picada de uma pulga que inocula a saliva na epiderme do animal, desencadeando uma reação alérgica.
A saliva da pulga e os extratos da pulga integrais possuem diversas substâncias potencialmente antigênicas semelhantes à histamina, como polipeptídeos, aminoácidos, compostos aromáticos e matérias fluorescentes. Pesquisas demonstraram que Ctenocephalides felis, Pulex irritans e Pulex simulans partilhavam antígenos comuns, e que as cobaias e seres humanos sensibilizados para uma espécie de pulga reagiam a todas as outras espécies. Testes cutâneos intradérmicos com extrato de pulga em cães sugerem que a maioria dos animais apresenta reações de hipersensibilidade do tipo imediato (tipo I), sendo que reações do tipo IV também podem ocorrer, o que significa que a maioria dos testes de intradermorreação pode apresentar resultados positivos mesmo em animais não alérgicos.
Resultados de alguns testes sugeriram que cães continuamente expostos às pulgas, podem vir a se tornarem parcialmente ou completamente tolerantes imunologicamente, diferentemente daqueles com exposição intermitente.
Aparentemente, não há predileções para sexo ou raça, entretanto estudos franceses indicaram que Setters, Fox Terriers, Pekingeses, Spaniels e Chow Chows são mais predispostos. Pode acometer animais de qualquer idade, mas é raro o desenvolvimento de sinais clínicos em animais com menos de seis meses. A época mais comum para o surgimento da dermatite situa-se entre 3 e 5 anos de idade, mas o grau de hipersensibilidade pode diminuir à medida que o cão envelhece, devido à exposição contínua às pulgas.

Sinais Clínicos

Os sinais clínicos da DAPP caracterizam-se por aparecer inicialmente no final do dorso do animal, já próximo da cauda. No entanto, se não for tratada, pode alastrar rapidamente num pequeno espaço de tempo. Inicialmente as lesões são confinadas à área lombo-sacral, dorsal, coxal, caudo-medial, abdominal ventral, flancos e pescoço. As lesões começam como pápulas, seguidas por um prurido crônico, alopecia, liquenificação, crostas e hiperpigmentação. Sinais cutâneos generalizados podem aparecer em animais severamente hipersensíveis. Com a coceira crônica as áreas se tornam alopécicas, liquenificadas, hiperpigmentadas e o cão desenvolve um odor relacionado à infecções secundárias por Staphylococcus intermedius e Malassezia pachydermatis. 
Nos gatos, a lesão primária consiste em uma pápula eritematosa coberta por uma pequena crosta castanho-avermelhada “Dermatite miliar”. As lesões se localizam no dorso e em torno de todo o pescoço e olhos. 
Os sinais mais relevantes da DAPP são:
• Prurido intenso; 
• Queda de pelo localizada ou generalizada; 
• Pele inflamada ou mesmo infectada; 
• Crostas; 
• Cheiro intenso na pele – quando o grau de infecção já é acentuado. 

Diagnóstico
O diagnóstico clínico é baseado no histórico e exame físico, porém, sua confirmação se faz por meio de teste laboratorial através da detecção de IgE específica em um ensaio sorológico semi-quantitativo pelo método ELISA (Teste Alérgico).
Clinicamente, a morfologia e a distribuição das lesões são bem sugestivas. A presença de pulgas ou de seus dejetos é também um achado útil, mas a sua ausência de modo algum impede o diagnóstico, uma vez que banhos recentes podem remover as pulgas e seus dejetos. A biópsia cutânea é indicada para o diagnóstico complementar e diferencial, revelando graus variáveis de dermatite perivascular além de outras alterações como microrganismos ou parasitas oportunistas e concomitantes. Achados histopatológicos consistentes, como piodermites secundárias (foliculite supurativa e dermatite pustulosa intradérmica) são comuns.
Ressaltamos que, testes de reações dérmicas são baseadas em estímulos e exposição imediata ao antígeno provocadas pela inoculação do mesmo no paciente, ao passo que a avaliação sorológica determina uma exposição prévia, não iatrogênica, baseada em uma resposta imune pré-formada cujo princípio é a determinação da concentração de títulos de anticorpos IgE específicos. 
O diagnóstico diferencial inclui hipersensibilidade alimentar, atopia, hipersensibilidade medicamentosa, hipersensibilidade aos parasitas intestinais, foliculite, dermatite por Malassezia e distúrbios hormonais. 

Considerações Finais

Para tratar a DAPP, é vital controlar a população de pulgas existentes, quer no animal, quer no ambiente em que ele vive. DAPP não significa ter o animal contaminado por um número elevado de pulgas – basta o animal ser alérgico e ser picado por uma pulga para fazer uma dermatite grave. Assim, nos animais alérgicos é indispensável fazer uma boa prevenção de ectoparasitas, a fim de evitar que a DAPP apareça, lembrando que a reação alérgica pode ocorrer de 2 a 12 semanas, dependendo do tipo de exposição.

BIBLIOGRAFIA: Texto adaptado por DR. LUIZ EDUARDO RISTOW de WILKERSON, M.J. et al. The immunopathogenesis of flea allergy dermatitis in dogs, an experimental study. Veterinary Immunology and Immunopathology, n.99, ELSEVIER 2004, p.179-192.



Temos sempre de manter os cuidados e os antiparasitários em dia,mesmo assim, pode acontecer....tadinhos de nossos peludos.